Profª Rosene Dambrós- Literatura - 2º ano - 2014.
Adolfo Caminha
Talvez o mais audaz dos naturalistas
brasileiros. Viaja pela Marinha e, no Ceará, ajuda a fundar o Centro
Republicano além de participar da vida intelectual da cidade. É envolvido num
escândalo de adultério e é expulso da Armada. Retira-se da vida social, mas
continua a participar da vida literária. Em 1891 muda-se para o RJ, onde se
dedica ao jornalismo e literatura, escrevendo algumas das obras-primas do
Naturalismo como A Normalista e Bom-Crioulo.
A Normalista é a história chocante de
um incesto em que a personagem principal é seduzida pelo padrinho. Já O Bom
Crioulo trata das minorias sexuais condicionadas pelo ambiente. O personagem
Amaro, O Bom Crioulo, se envolve amorosamente com um jovem grumete, que acaba
sendo seduzido por uma portuguesa. A descoberta da traição leva Amaro a
assassinar seu amante.
"Seguia-se o terceiro preso, um
latagão de negro, muito alto e corpulento, figura colossal de cafre,
desafiando, com um formidável sistema de músculos , a morbidez patológica de
toda uma geração decadente e enervada, e cuja presença ali, naquela ocasião,
despertava grande interesse e viva curiosidade: era o Amaro, gajeiro da proa, -
o Bom-Crioulo na gíria de bordo."
"Aleixo passava nos braços de
dois marinheiros, levado como um fardo, o corpo mole, a cabeça pendida para
trás, roxo, os olhos imóveis, a boca entreaberta. O azul-escuro da camisa e a
calça branca tinham grandes nódoas vermelhas. O pescoço estava envolvido num
chumaço de panos. Os braços caíam-lhe, sem vida, inertes, bambos, numa
frouxidão de membros mutilados."
--Fragmentos de O Bom Crioulo
Obras Principais:
· A
Normalista (1892), Bom Crioulo (1895), A Tentação (1896) - romances
· Judith
(1893), Lágrimas de um Crente (1893) - contos
· Vôos
Incertos (1855-6) - poesia
· Cartas
Literárias (1895) - crítica
· No
País dos Ianques (1894) - crônica
Domingos Olímpio
Escritor naturalista, foi um dos
poucos e um dos últimos de sua escola. Formado em Direito, voltou ao Ceará para
exercer o jornalismo como abolicionista e republicano. Forçado pela situação
política (era político de oposição) mudou-se para o Pará. Já no Rio, publica
sua principal obra, Luzia-Homem, e passa a escrever sob o pseudônimo de
"Pojucan" na recém-fundada Os Anais, falecendo 3 anos depois. Em
algumas passagens Luzia-Homem faz lembrar Vidas Secas de Graciliano Ramos.
Luzia-Homem tematiza a violência e o
sadismo que florescem como literatura naturalista. Há nuances de Romantismo na
morosidade da descrição das paisagens, onde a natureza, às vezes, é madrasta
principalmente por causa da seca. Explora a duplicidade da personagem
principal, ela é bonita, gentil e retirante da seca, mas também tem força
descomunal.
"Sob os músculos poderosos
de Luzia-Homem estava a mulher tímida e frágil, afogada no sofrimento que não
transbordava em pranto, e só irradiava , em chispas fulvas, nos grandes olhos
de luminosa treva."
"Raulino recuou, cortado de
terror, ante o cadáver; e, num turbilhão de cólera, rugiu arrepiado, apertando
os dentes, e, com uns gestos, que eram crispações medonhas de fera,
esquadrinhou o terreno, buscando e rebuscando o criminoso."
--trechos de Luzia-Homem
Obras Principais:
· Luzia-Homem
(1903)
· O
Almorante (Anais, Rio, 1904-06)
Sinopse
Marco inicial = publicação dos livros
O Mulato (1º romance naturalista), de Aluísio Azevedo e Memórias Póstumas de
Brás Cubas (1º romance realista), de Machado de Assis em 1881.
Marco final = publicação de Missal e
Broquéis, ambos de Cruz e Sousa - obras inaugurais do Simbolismo em 1893.
O início do Simbolismo em 1893 não
significa o término do Realismo e suas manifestações na prosa , com os romances
reslistas e naturalistas, e na poesia, com o Parnasianismo.